
Integrando a memória cultural do Sertão desde 2009, a Mostra Acauã do Audiovisual Paraibano chega à sua 14ª edição transformando a Fazenda Acauã, em Aparecida, no mais charmoso cinema a céu aberto do interior. O evento começa nesta quarta-feira (6) e segue até sábado (8), com entrada gratuita.
Nesta edição, o público poderá assistir a 32 produções, a maioria curtas-metragens realizados em 22 municípios paraibanos entre 2023 e 2025. Entre os destaques estão Habeas Pinho (que será exibido nesta quinta-feira), além de lançamentos produzidos em Aparecida e Sousa.
A programação de abertura conta com as ficções Coral (de Jackson Kakito) e Luciá (de Priscila Tavares), além dos documentários Béradêro – Chico César e Mama África (de Gabriel Navajo), Cajazeiras Sitiada (de Janduy Acedino) e Mata Branca Vivências (do Coletivo Mata Branca).
“A fazenda tem muitas histórias e é lá que a gente realiza as exibições. Este ano também vamos celebrar os 20 anos de produção de cinema da Acauã Produções Culturais, com exposições de equipamentos, fotos e cartazes de filmes”, explica o coordenador da mostra, Laércio Filho.
À noite, os filmes são exibidos na calçada da casa grande, com o brilho da lua cheia compondo a atmosfera do evento — uma tradição que mantém a programação alinhada ao ciclo lunar. “Fica bem mais bonito, dá toda uma vida à fazenda”, comenta Laércio.
Além das sessões de cinema, a Mostra Acauã também oferece oficinas de formação audiovisual em escolas da rede pública de Aparecida, incentivando novas gerações de realizadores locais.
O encerramento, no sábado (8), será marcado por um momento especial: a posse de Laércio Filho na Academia Paraibana de Cinema (APC). A cerimônia contará com a presença de membros da instituição vindos da capital.
Natural de Pombal e radicado em Aparecida, Laércio iniciou sua trajetória no audiovisual em 2005, ao ser selecionado pelo projeto Revelando os Brasis, do Ministério da Cultura. Desde então, tem produzido documentários, ficções e animações.
“Eu vinha do teatro e da literatura, e o cinema me pegou de jeito. Costumo dizer que fui infectado pelo vírus do audiovisual”, brinca o cineasta, agora imortal da APC.
“Ver novas pessoas surgindo, inclusive minha filha, que já dirige os próprios filmes, é o que dá sentido a toda essa luta”, completa.
A Fazenda Acauã, palco do evento, é a mais antiga da Paraíba. Datada de 1757, foi tombada pelo Iphan em 1967. O local também tem relevância histórica: o escritor Ariano Suassuna chegou a viver ali durante a infância.
Com cinema, história e arte pulsando no mesmo espaço, a Mostra Acauã reafirma o Sertão como território de criação e resistência cultural.