Um dos grandes problemas vivenciados pela população da cidade de Sousa/PB, nas últimas décadas, têm sido os impactos ambientais causados ao Rio do Peixe, que possuem, entre seus fatos geradores, o descarte de toneladas de resíduos sólidos, construções de residências, currais e fábricas às margens do rio, como também o desmatamento das matas ciliares, responsável pelo agravamento do processo de assoreamento, e implosão dos parâmetros de qualidade dos ecossistemas aquáticos.
Para tanto, os impactos ambientais causados pela ação humana ao Rio do Peixe/PB, além de evidenciarem prejuízos econômicos, também causam interferência na qualidade de vida população, e provocam perdas na paisagem e nos ecossistemas aquáticos. E um dos principais destes, é processo desordenado de urbanização às margens do rio, que preconiza o desmatamento das matas ciliares e promove o processo de assoreamento, que causa diminuição da profundidade do rio, contribuindo ocorrência de inundações, como aconteceu no ano de 2009, onde 150 famílias ficaram desabrigadas por conta das cheias do Rio do Peixe (CARVALHO, 2015).
Assim, é importante observar que as inundações são recorrentes, entre outros fatores, porque as ações do poder público não são efetivamente eficazes, sendo basicamente paliativas e sem solução definitiva. Segundo Marques (2016), o poder público vem tentando encontrar soluções que nem sempre são aceitas pela população. O que se pergunta - e que estamos tentando entender - é por que essas ações não têm dado certo, e por que a população de Sousa/PB, e mais especificamente do bairro Guanabara, prefere correr os riscos eminentes e permanecer nesta localidade? Na minha opinião, é necessário o planejamento e implantação de um grande projeto de drenagem para cidade de Sousa/PB, além de um plano para recuperação da profundidade do rio e restauração das matas ciliares.
O que é fato e se pode constatar, é que o Rio do Peixe se encontra em um processo de profunda degradação, proveniente da ação nefasta do ser humano, devido a busca descomedida pelo desenvolvimento econômico selvagem, sem se preocupar com o crescimento aleatório às margens do rio, culminando, consequentemente, na perda de produção dos ecossistemas aquáticos.
Portanto, é necessário tomar como exemplo as ações de despoluição já realizadas em vários locais no mundo, como: no Rio Tâmisa (Londres), Rio Sena (Paris), Rio Tejo (Lisboa), Rio Cheonggyecheon (Seul) e Rio Jundiaí (Brasil), e começar a enxergar que investir na recuperação do rio é um ótimo negócio a longo prazo, sendo possível associar o aspecto econômico ao social e ambiental, como propõe o conceito de desenvolvimento sustentável, e dessa forma, impulsionar a atividade do turismo local, e melhorar a qualidade de vida da população e do meio ambiente.
Professor Doutor Allan Sarmento Vieira
Vice-Diretor do CCJS/UFCG
Premiado em 1º Lugar, na categoria doutorado, no Prêmio Brasil de Engenharia 2011 – Temática: Recursos Hídricos e Saneamento.
Curriculum Lattes: http://lattes.cnpq.br/1584355117069605
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